(aqui é o som cumpadi)
eu sou o som que vem das ruas, a realidade dura e crua do gueto com arte e entretenimento.
a voz de uma cultura em movimento e o negro lamento.
sou abdias nascimento.
eu invadi os centros mas nasci na periferia.
eu vim do sofrimento com ritmo e poesia.
eu vim na luz de um novo rebento de um ventre livre, meus ancestrais foram presos e minha geração em crises desencaminha.
assim como caminha a humanidade de esquina em esquina.
sou injeção de adrenalina, uma dose elevada de auto estima, o verdadeiro dom da rima.
o embate, o combate, o nocaute, liberação de indofina.
sou táticas de guerrilha e as armas pra revolução, as palavras de ordem que lideram a manifestação.
to no discurso e na ação, na luta por reparação.
eu sou chamado de som de ladrão e tenho cara de mal.
meu texto prega conscientização de forma criminal.
a libertação mental dos meus irmãos e o apoio incondicional pra redenção dos humildes.
sou inimigo da televisão e sua programação medíocre.
(e o dono de concessão que age sem limite)
eu sou a força do irmão que salvou do crime, a salvação do pivete que livrou do piti.
eu sou sampler, o scretch e o beat.
já estou em trilhas sonoras de filmes.
em jingles comerciais, em novelas, em campanhas eleitorais, em desfiles nas passarelas do são paulo feshion weeke.
mais eu sou favela em cada célula do corpo.
na dor do meu parceiro morto.
to estampado no seu rosto, eu to exposto nas suas seqüelas.
eu sou despertar da consciência periférica, a ciência estratégica.
sou planos e esquemas de guerra.
to no combate sem dá trégua até que o inimigo beije a lona assim como a platéia ansiosa espera.
eu sou o som de uma nova era, uma nova ordem, um novo grito.
um novo conceito, outros meios menos primitivos de nos mantermos vivos e atuantes.
longe dos presídios sem treta, policia e traficante em seus modos operantes.
sem vestígios ou indícios de algoz entorpecido.
sou aquilo que lhe mantém ativo.
como um vulcão em erupção meu efeito é nocivo.
reativo como um soldado que tão cansado de ser oprimido atira no seu capitão e rasga as suas fardas.
adere a rebelião e segue e passeata.
faz protesto e manifestação junto aos irmãos na caminhada.
e quem tem o cheiro da quebrada impregnado em sua pele.
eu sou parte de você e ainda que você me negue. (o que é que eu sou cumpadi?) eu sou o rap.
Composição: Mc Osmar
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